Nazaré do Piauí
Nazaré do Piauí é um município brasileiro do estado do Piauí, situada na microregião do Vale dos Rios Piauí e Itaueiras. Sua sede fica localizada a 270 km da capital piauiense, Teresina.[6] Em 2022, sua população foi recenseada em 6.665 habitantes e seu território possui área de 125211 km².
História
As terras que compõem o contemporâneo município de Nazaré do Piauí eram habitadas por indígenas chamados genericamente pelos portugueses como nação tapuia, que tradicionalmente ocupavam a região entre o rio Parnaíba, com destaque para as etnias Aranhês e Goarás, e as cabeceiras do rio Piauí, com destaque para os povos Araiês e Acumês, conforme relatos de cronistas portugueses do final do século XVII, principalmente do padre lusitano Miguel de Carvalho.[7]
A localização dessas terras nas proximidades do rio Piauí foi estratégica para a colonização portuguesa do então chamado Sertão do Piauí, a última região do Nordeste que veio a ser colonizada por Portugal, principalmente com a criação da Freguesia da Nossa Senhora da Vitória do Sertão do Piauí (futura Capitania de São José do Piauí) em 1697, quando os interesses econômicos associados com a expansão da criação do gado e da monocultura da cana-de-açucar incentivaram o avanço sobre os territórios em que os indígenas ainda resistiam à invasão portuguesa, até que esta fosse conquistada, após guerras sangrentas que resultaram na morte e extermínio de inúmeros habitantes locais, pelo colonizador Domingos Afonso Sertão, português nascido na cidade de Mafra e, por isto, apelidado de Domingos Afonso Mafrense.[7][8]
Por serem cortadas pelo referido curso d'água e tendo expulsado os indígenas resistentes à invasão lusitana, os portugueses decidiram estabelecer na região missões e fazendas de gado administradas inicialmente pelos padres jesuítas vinculados ao Colégio da Bahia, os quais foram assimilando culturalmente os indígenas sobreviventes. As terras do futuro município de Nazaré do Piauí ficaram localizadas dentro de um desses estabelecimentos, chamado de Fazenda Algodões, onde futuramente veio a ser construída a sede municipal.[9]
No século seguinte, os portugueses passaram a enviar para a Fazenda Algodões um grande fluxo de população escravizada africana, remanejando os que se encontravam na Vila de Oeiras, para servir como mão-de-obra na propriedade rural.[9] Nesse período, a região se tornaria historicamente relevante pelo fato de ter uma escravizada nascida na Fazenda Algodões chamada Esperança Garcia que se tornou a primeira mulher brasileira a atuar como advogada, quando escreveu e enviou ao governador da Capitania do Piauí uma petição. Nesta peça jurídica, ela utilizou uma argumentação baseada no direito canônico vigente na época para toda a população, denunciando maus-tratos a ela e seus filhos e requerendo medidas de proteção a essa violência como a sua mudança da fazenda Data Poções, situada nas terras do atual município de Isaías Coelho, e seu retorno à Algodões, de acordo com o reconhecimento feito futuramente pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.[10][11][12]
De acordo com a memória local, durante as grandes secas que ocorreram entre as décadas de 1870 e 1880, o espaço territorial da Fazenda Algodões recebeu um grande fluxo de pessoas de locais mais afetados pela estiagem, o que levou a população local a recorrer à religiosidade, diante da precariedade da atuação estatal, tendo sido construída nessa época a capela de Nossa Senhora de Nazaré. A partir desta época, a região que era conhecida como "Fazenda Algodões" ou simplesmente "Algodões" passa a ser chamada também de "Nazaré".[8]
A localidade somente seria elevada à categoria de cidade em 1955, quando foi criado o município de Nazaré do Piauí, desmembrado do município de Floriano.[8]
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nazar%C3%A9_do_Piau%C3%AD